Num período de grande angústia para os soldados de ambos exércitos, vide abaixo uma reportagem sobre o Natal, informações de um veterano de guerra:
No dia previsto, os combatentes de Stalingrado celebraram sua festa de Natal. Um céu cor de cinza estendia-se pesadamente sobre a estepe nevada. Um frio implacável cristalizava a paisagem.
Em Stalingrado não havia mesas cobertas com toalhas brancas, nem nozes, nem maçãs: só algumas pequenas árvores de Natal, enviadas pelo correio.
Aquele que dispunha de uma vela, acendia-a por momentos, colocando-a no gargalo de uma garrafa, calcando-a sobre uma táboa, dentro do capacete ou em algum ramo de árvore. Depois, apagava-se e guardava-se para outra noite. As árvores de Natal e os discursos alusivos à festividade perdiam todo o valor simbólico no meio das munições, quase sem pão e naquele ambiente de promiscuidade.
Os homens sentavam-se muito perto uns dos outros. Táboas e caixotes serviam de mesas, os recipientes de metal faziam-se de copos. Os mais favorecidos bebiam aguardente, ou mesmo vinho. A maioria contentava-se com chá, ou neve derretida. É difícil descrever os sentimentos que animavam estes homens a minha volta.
Aqueles soldados apenas tinham de comum as suas mãos vazias e a abóbada do céu, cercada por uma fumarada cor de sangue. Perguntavam-se por que motivo permitia Deus voltasse o Natal, quando os homens, dominando a Sua voz com o tumulto da guerra, continuavam a matar-se uns aos outros.
Houve muitas companhias que passaram o Natal assim. Só a nossa viveu um verdadeiro conto de Natal - o primeiro e o último. Chegara da Alemanha quatro semanas antes. Avançava em estado de alerta sobre uma camada de neve com 40 centímetros de espessura.
Depois de três horas de marcha, as primeiras filas da companhia detiveram-se. Com os rostos açoitados pela neve, vimos, repentinamente, uma aparição fantástica. Uma estaca de três metros de altura, sobre a qual mão desconhecida colocara uns paus transversais, que estavam cravejados de velas, cujas chamas tremeluziam sobre a estepe. Diante dessa árvore de Natal improvisada, recortava-se a estranha silhueta de um homem que sustentava na mão direita uma tosca cruz, feita com duas tábuas. Por detrás das árvores apinhava-se um grupo alucinante: uma dúzia de homens, envoltos em mantas, apoiados em muletas e cajados e com as cabeças cobertas de ligaduras. Espontaneamente nossa companhia formou em redor um semicírculo. Tiramos os capacetes. O homem que empunhava a cruz aproximou-se e disse:
- Sabíamos que passavam por aqui esta noite. Quisemos fazer-lhes esta surpresa.
Os da companhia sorriram um pouco amargamente...
- Vivemos hoje - prosseguiu o homem - a noite de Natal; e amanhã será o dia em que a cerca de dois mil anos, teve início a Redenção. Aquele dia e aquela noite deveriam trazer a paz. Lutamos contra um inimigo que não conhece aquela noite nem aquele dia. Agora, saibamos dar a Deus o que é de Deus; quando esta hora tenha decorrido, dareis a César o que é de César.
Depois o homem recitou o Glória: "E paz na terra aos homens de boa vontade". Disse em voz alta o texto latino e não o envergonhou falar de paz. Rezou um Pater Noster em alemão, para os protestantes. Os cento e vinte e um homens acompanharam-no a uma só voz diante da "árvore" iluminada: "...mas livrai-nos do mal. Amém".
As ladeiras geladas do barranco repetiram surdamente aquele "Amém". Depois a 9ª Companhia cantou as três estrofes de Stille Nacht, heilige Nacht. Jamais este cântico terá tido tal vibração, no meio de uma desolação semelhante a esta.
A maioria dos soldados passou tristemente o Natal e com uma secreta angústia ao ver reduzida para 100 gramas a sua ração de pão. Quanto ao tempo dedicado ao Natal pela emissora Grande Alemanha, foi tomado como piada de mau gosto e acolhido com palavrões. Os homens sofriam, tinham fome. A organização do abastecimento não era suficiente. A bolsa de resistência dispunha dos aeródromos de Pitomnik e Gumrak, do campo auxiliar de Bassargino e do de Stalingradsky, para as aterrissagens forçadas.
O exército dera ordem de disparar contra os que praticassem pilhagens. Nos setores de quatro divisões, situadas a oeste e ao sul de Stalingrado, 364 homens foram executados em três dias, por covardia, deserção, roubo de provisões... Sim, por roubo. Certa manhã, arrancaram o soldado Wolf do buraco onde se encontrava. É ouvido, julgado e condenado à morte. A execução realiza-se num quarto mobiliado com uma mesa, três cadeiras e um fogão. Na parede está pendurado um retrato de Lênin. Nada há como a fome para levar ao crime...
Relato do panzergrenadier Guy Sajer, da Divisão Gross Deutschland, sobre a defesa da fronteira romena no Natal de 1943 :
Era noite de Natal. A despeito de nossa miserável circunstância, estávamos repletos de emoção, como crianças que foram privadas de diversão por um longo período. Sob os nossos capacetes de aço e por baixo de nossas faces silenciosas, transbordava uma multidão de pensamentos brilhantes. Alguns homens falavam de paz, outros sobre a infância, que para alguns ainda estava próxima; tentávamos esconder nossos sentimentos, a falta de esperança e os sonhos ridículos engrossando a voz. Wesreidau [o capelão] fez sua ronda pelas trincheiras, falando aos homens, mas suas palavras pareciam somente perturbadas reflexões pessoais, em breve ele desistiu e se recolheu aos seus pensamentos. Sem dúvida ele também tinha filhos e gostaria de estar com eles. Algumas vezes ele parava por um momento e fitava o céu, que tinha clareado um pouco. O gelo brilhava em seu longo casaco como lantejoulas em uma árvore de Natal.
A exemplo de alguns soldados na época da 2º Guerra Mundial, mesmo em momentos difíceis da vida, não deixem de saudar em seus corações e seus familiares, o nascimento do príncipe da paz.
Que tenham todos um **** Feliz Natal **** e a proteção do redentor Jesus Cristo.
Fonte: www.2guerra.com.br ( c/ improvisações )
Foto: publicidade coca cola 1945 ( final da guerra )
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23 de dez. de 2008
Good!!!! uma ótima postagem...são essas pesquisas de internet que nos interagimos mais ao mundo real Sniper!
Abraço!